segunda-feira, 22 de maio de 2017

Proposta 3 | Infografia - Memória Descritiva








Maria Júlia Aguiar e Maria Isabel Côrte




Metodologia e Contextualização Teórica 


No âmbito da Unidade Curricular de Design e Comunicação Visual, foi proposta a realização de uma Infografia, enquanto linguagem informativa, por forma a desenvolver a capacidade de visualização do pensamento e a comunicação visual de informação.  Para esta proposta era possível a elaboração de infografias que incluíssem dados informativos, na forma de mapas, timelines, diagramas, técnicas ou comparativas, pelo que optámos pela infografia técnica. A seleção do tema, por desempenhar um papel central na composição visual, foi alvo de grande reflexão, para que a escolha representasse um tema apelativo, original e ao mesmo tempo com potencial jornalístico. Neste contexto, ponderamos algumas opções e consideramos que a apresentação de uma infografia focada na espécie de um animal poderia ser interessante. Para isso, escolhemos a Joaninha, visto ser um animal “querido” entre as pessoas, mas cuja informação técnica é pouco explorada e divulgada. Assim sendo, o conteúdo foi difícil de encontrar e organizar, pois atendendo às nossas expectativas de explorar alguns aspetos singulares, tornou-se um desafio encontrar toda a informação pretendida.   Deste modo, elaborámos uma lista dos conteúdos que tencionávamos incluir, entre os quais a anatomia e fisionomia da Joaninha, a sua função no reino animal e respetiva alimentação, o número de espécies existentes e o que as diferencia, mas sobretudo curiosidades que despertassem a atenção dos leitores.  Neste sentido, foi pertinente a consulta de informação em jornais, revistas, enciclopédias e sites científicos, dedicados à exploração deste tipo de temas. Apesar de termos utilizado todas as formas de pesquisa mencionadas, a composição é constituída por conteúdos recolhidos de dois sites: Hortas Biológicas e Pavilhão do Conhecimento, visto que condensavam a informação que pretendíamos da melhor forma. É de salientar que as restantes fontes serviram de base e foram fundamentais para um conteúdo sólido e credível.   Antes do processo de realização, optamos por recolher alguns exemplos de infografias, de maneira a compreender qual a apresentação gráfica de alguns projetos já existentes. Para isso consultamos o Pinterest, Behance, Google Imagens e algumas revistas e jornais. Para além do mais, a nossa pesquisa incluiu uma recolha de técnicas e teorias que suportam o processo de elaboração de infografias, de forma a reunirmos exemplos que mostrassem qual a lógica de estruturação que este tipo de composição visual adquire. Desta forma, segundo Alberto Cairo, podemos definir infografia como uma ferramenta que, através do Design, ilustração ou fotografia, transmite informação, de maneira a criar uma história. De acordo com Paulo Heitlinger, em termos formais, “as técnicas da Infografia são aquelas que permitem apresentar informação através de esquemas visuais.”  
Ainda segundo o mesmo autor, a infografia deverá representar uma informação ampla e precisa, que, pelas suas caraterísticas, ocupa um espaço muito menor comparativamente ao discurso textual correspondente da mesma informação.  Este género de composição surgiu por volta do século XVIII nos jornais, sobretudo na forma de mapas. A partir do século seguinte assumiu um novo tipo, nomeadamente gráficos. Só no final do século XX, com surgimento da era digital, este género de composição informativa, acompanhando o progresso, adquiriu um formato online.  Em relação à perspetiva do leitor quando visualiza uma infografia, Alberto Cairo defende que a perceção depende de cada pessoa. A forma como absorvemos a informação, enquanto indivíduos diferentes, varia. Podemos dar mais atenção ao conteúdo, às imagens, aos pormenores ou à cor. Além disso, temos a liberdade de criar novas imagens, que se amplifica quando o detalhe é menor: “This has to do with what is called the level of iconicity of a picture” (Alberto Cairo). 


Processo Criativo 


Neste contexto e já reunidos todos os elementos para a elaboração do trabalho, procederemos à especificação dos processos criativos.  O nosso ponto de partida centrou-se maioritariamente na seleção da cor, visto ser um elemento com destaque no primeiro contacto visual com a composição. Assim sendo, indo ao encontro do tema do trabalho, ou seja, a Joaninha, a nossa primeira intenção seria conjugar o preto e o vermelho. No entanto, ao longo da elaboração da infografia, apercebemo-nos que ambas as cores não seriam uma boa opção enquanto cores de fundo, uma vez que tornariam a composição de difícil perceção.  Sendo assim, selecionamos uma cor mais neutra, que fizesse com que os outros elementos sobressaíssem. Desta forma, após algumas experiências, optamos pelo cinzento claro.  Seguindo esta ideia, os restantes elementos da composição são principalmente compostos por cores como o vermelho e o preto. Pontualmente existem alguns elementos alusivos à natureza, pelo que se destaca a utilização da cor verde, que também confere dinamismo e quebra o padrão de cores apresentado.  Em relação ao texto propriamente dito, a cor deveria contrastar com as restantes, pelo que o branco se revelou a mais adequada. Ainda relativamente a este elemento, procuramos que revelasse o espírito e conteúdo da própria infografia e, assim, após algumas experiências, a fonte Noteworthy Bold representava este objetivo.  De forma a que a infografia fosse coerente e nítida, esta fonte foi aplicada a todo o texto apresentado, cujo tamanho se compreende entre 25pt e 30pt. 
No caso do título e de forma a destacá-lo, preenchemo-lo, utilizando a mesma fonte, com círculos pretos, em alusão às pintas da carapaça da Joaninha.  O título – “Joaninha Voa Voa” – como referimos anteriormente deveria ser apelativo, e por isso tentamos criar um “jogo de palavras” associado a este animal. Após alguma reflexão, surgiu a ideia de incluir parte de uma canção popular que todos conhecemos desde infância, que faz alusão à Joaninha – “Joaninha voa voa que o teu pai está em Lisboa”. Deste modo, o título cumpria aquilo que pretendíamos porque não se esquece facilmente, uma vez que apela à memória.  Inicialmente, o processo de criação passou por uma recolha de imagens de joaninhas com várias formas e diversos estilos, de modo a que tivéssemos imagens base que servissem, por exemplo, de ligação entre cada caixa de texto.  


Contudo, nalguns elementos que necessitavam de uma representação mais específica, tentamos encontrar imagens que ilustrassem devidamente a informação exposta. Essas mesmas imagens foram trabalhadas, por forma a ir de encontro ao que pretendíamos. Deste modo, em todos os elementos foi utilizada a ferramenta “Traçado da Imagem – Foto de alta/baixa fidelidade”, que criava um efeito que suavizava o traçado da figura, conferindo-lhe um aspeto menos rígido. 



De seguida, expandimos a imagem e removemos as partes que não interessavam, como o fundo branco e outros elementos que não queríamos que fossem incluídos na composição.




Tendo o elemento de base já editado, nalguns casos compilávamos diferentes imagens para criar uma só que refletisse o texto que a acompanha. Para isso eram necessários alguns processos como o exemplo que podemos observar na imagem que se segue: “Refletir”. 



Em duas composições optamos por incorporar o próprio texto na imagem, alterando a cor do texto de maneira a que fosse bem percecionado e conjugasse com as cores da figura.






Para quebrar uma certa “repetição” de texto acompanhado de imagem, decidimos colocar o texto em formas, de modo a conferir alguma simplicidade à composição.  
    



Utilizámos a “Ferramenta Retângulo” e a “Ferramenta Elipse”, de maneira a criar as respetivas formas pretendidas. 


Para o contorno dos retângulos, definimos o pincel com o efeito “Pena”, de modo a tonar mais subtil e criativo o contorno da forma. 






Os restantes elementos, são constituídos por caixas desenhadas com parênteses retos, retângulos com diversos padrões e balão de fala. 








Nos três casos apresentados também utilizamos a ferramenta retângulo. No primeiro exemplo alteramos o traçado para “Pena” com uma espessura mais reduzida, com 0,6pt.


Na segunda imagem, repetimos o processo, no entanto o efeito utilizado foi o “Esfregão”, com a mesma espessura. Neste caso, em alusão ao texto, a cor escolhida é igual à cor da carapaça da joaninha representada na imagem, visto que a informação transmitida diz respeito à perda de cor da carapaça da joaninha à medida que envelhece. Deste modo, tentamos transmitir este facto através da sensação de que a cor vermelha está mais esbatida e a joaninha apresenta uma expressão triste.


Neste último elemento, a linha do retângulo inicial serviu de base para a definição da caixa de texto, através do uso de pequenos círculos, em alusão às pintas da carapaça das joaninhas.


Constituídos todos os elementos, passamos a uma fase de organização geral da infografia. Para isso, definimos como critério principal, colocar as informações agrupadas por temas, resultando em quatro grupos distintos.  Neste contexto, sentimos necessidade de criar elementos gráficos que representassem esta divisão. 
A primeira divisão é bastante simples, sendo apenas uma linha tracejada, visto nesta área da composição já estavam presentes muitos elementos, pelo que achamos mais adequado uma representação mais básica. 


 Nesta secção utilizamos um elemento mais elaborado com alusão ao tema propriamente dito que se relaciona com a Natureza. Assim, o ramo de árvore desempenha não só a função de dividir os vários grupos, mas também proporciona um pouco de diversidade de cor à composição.  



Esta última divisão é formada por uma linha mais fluída, composta círculos de diferentes tamanhos e colocados de maneira a que os elementos mais próximos estejam em harmonia. A última divisão da infografia é semelhante a este caso, sendo que adaptamos à respetiva posição onde se encontra.  



Referências Bibliográficas 

CAIRO, Alberto. “Sailing to the future 1.0 – infographics in the internet era”. University of North Carolina at Chapel Hill. Multimedia Bootcamp 2005 

CAIRO, Alberto. “The Ethics Issue - What should you show in a graphic?”. Design Journal Nº99. 2006

HEITLINGER, Paulo. “Cadernos de Tipografia e Design” - Nº 15. 2009  

Webgrafia 

Hortas Biológicas – http://www.hortasbiologicas.pt/insetos-joaninhas.html  

Pavilhão do Conhecimento - http://www.pavconhecimento.pt/visitenos/exposicoes/detalhemodulo.asp?id_obj=1178

https://noticias.bol.uol.com.br/bol-listas/20-curiosidades-redondas-vermelhas-compintinhas-pretas.htm





sexta-feira, 19 de maio de 2017

sábado, 8 de abril de 2017

Proposta 2 | Tipografia - Ensaio Teórico






No âmbito da unidade curricular Design e Comunicação Visual, foi proposta a realização de uma composição tipográfica. Tendo por base um texto à escolha (com, no máximo, 500 palavras), seria composta uma “figura” através de elementos tipográficos que representa-se esse mesmo texto, com o objetivo de “entender a tipografia enquanto linguagem capaz de transmitir significado e evocar emoções para além das palavras faladas que simboliza.”
Neste sentido, optei por um excerto de uma das minhas obras favoritas, nomeadamente, “A Sombra do Vento” de Carlos Ruiz Zafón.
Muito resumidamente e como forma de contextualizar o trabalho, este livro conta a história de Daniel, que descobre o Cemitério dos Livros Esquecidos, onde escolhe o livro ”A Sombra do Vento” de Julian Cárax. Esta escolha marca o momento em que a vida de Daniel assume um rumo completamente diferente, mostrando a importância que um livro pode assumir nas nossas vidas e, consequentemente, mudá-las. Todo o enlace tem como cenário a Barcelona antiga.
 O excerto que selecionei relata o exato momento em que o pai de Daniel o leva a visitar, pela primeira vez, o Cemitério dos Livros Esquecidos. É a partir deste momento que se inicia um desenrolar de ações sob uma narrativa que prende o leitor da primeira à última página.



Pena

Tendo como orientação uma imagem de uma pena retirada da Internet desenhei, no programa Illustrator, o contorno da mesma. De seguida, dividi-a, para que um dos lados fica-se preenchido e totalmente preto e o outro branco com o contorno desenhado pelas letras a partir do texto “Um labirinto de corredores e estantes repletas de livros subia da base até à cúspide, desenhando uma colmeia tecida de túneis, escadarias, plataformas e pontes.” Esta divisão tem como objetivo mostrar que uma história, tal como a descrita em “A Sombra do Vento”, tem sempre dois lados, normalmente um mais sombrio que outro (preto e branco, respetivamente).
Selecionei a pena por ser um elemento de escrita antigo, pois a composição tem como tema um livro e uma história que se desenrola no passado, em meados de 1900.
A fonte pela qual optei foi a Mistral, uma fonte script, caligráfica, exatamente por me ter remetido para o tipo de escrita singular da pena, que reproduz a escrita humana ou cursiva, parecendo mesmo tinta.




Livro



O livro foi, tal como a pena, desenhado com a ferramenta “Pincel” no programa Illustrator. Requereu algumas tentativas até obter um resultado que me agradasse.



 Incluí este elemento com o intuito de representar o livro escolhido pela personagem principal – “A Sombra do Vento” de Julian Cárax. Portanto, o texto que preenche as páginas mostra o momento em que o pai de Daniel o convida a escolher um dos inúmeros livros do Cemitério dos Livros Esquecidos: “O costume é que a primeira vez que alguém visita este lugar tem de escolher um livro, aquele que preferir, e adoptá-lo, assegurando-se de que ele nunca desapareça, de que permaneça sempre vivo. É uma promessa muito importante. Para toda a vida. Hoje é a tua vez.”
A fonte selecionada foi a Book Antiqua, mais clássica, pois representa o que queria transmitir com a escolha desta fonte, ou seja, os caracteres de um livro antigo.  


“Cascata” de Letras


O conjunto de letras que formam uma espécie de cascata entre a pena e o livro têm como fonte a Blackadder ITC, uma fonte script, caligráfica, que tal como a Mistral (utilizada na pena), reproduzem uma escrita cursiva, própria da pena, com um estilo antigo, com uma letra bem desenhada.
Para este elemento da composição selecionei a frase “Daniel… Bem-vindo ao Cemitério dos Livros Esquecidos”, proferida pelo pai de Daniel assim que entram no local. Deste modo, a forma como dispus as letras, remetem para um caminho, que é não só o caminho que Daniel e seu pai fazem pelo Cemitério dos Livros Esquecidos (que no livro é descrito como “labiríntico”) mas também o caminho que todas as histórias seguem e nos fazem seguir.
Além disso, o texto transcrito emerge da pena para o livro como se uma história estivesse naquele momento a fluir, representando, assim, um momento de criação, inspiração e libertação de pensamentos.
Por último, e tendo em conta que o livro e a composição se intitulam de “A Sombra do Vento”, podemos verificar que estas letras que formam a “cascata”, parecem estar a ser “embaladas” pelo próprio vento, dando movimento à composição no seu conjunto.






Resultado Final


Nesta composição tipográfica optei pelo branco e preto, não só pelo contraste natural entre as cores, mas também porque, tendo em conta os objetivos e significado da composição, faz mais sentido e torna-se mais percetível usar somente estas duas cores. 
O preto é, usualmente, a cor da tinta utilizada na escrita com pena. Além disso, o preto e branco remetem para algo mais distante temporalmente, um dos objetivos da composição, tendo em conta que a história se desenrola no início do século XX.
Deste modo, estas cores básicas criaram uma composição mais neutra, clara e elegante.